quinta-feira, 24 de março de 2016

Chamado Ecumênico para o Cuidado da Casa Comum




“Quero ver o direito brotar como fonte 
e correr a justiça qual riacho que não seca.” (Am5.24)

Queridas irmãs e queridos irmãos de peregrinação ecumênica,

Queremos agradecer por essa Campanha da Fraternidade Ecumênica (CFE). Muito nos alegraram as experiências relatadas, as fotografias que foram enviadas. As cartas das crianças, que foram estimuladas a pensar sobre o cuidado com a Casa Comum a partir do material da CFE, foram sinais de esperança. Os relatos dos trabalhos das juventudes foram igualmente animadores. 

A CFE 2016 conseguiu fortalecer a bela experiência do diálogo, da oração conjunta, do abraço entre diferentes expressões cristãs. Ao longo dos quarenta dias da Quaresma, conversamos sobre nossa Casa Comum, o lugar em que habitamos. Pensamos nas rupturas cotidianas provocadas pelo pecado.

O pecado se torna visível sempre que a Casa Comum é agredida por causa do nosso consumismo, da nossa ambição, da nossa dificuldade de superar visões de mundo que entendem o ser humano como o centro do universo. Revela-se também quando a política é orientada para o interesse do mercado financeiro e não para o bem comum.

A Quaresma, período que, para as pessoas batizadas, representa tempo de conversão, está chegando ao fim. Na Sexta-Feira Santa, iremos nos confrontar com a violência que representa a cruz de Jesus Cristo. Nos confrontaremos com as consequências do ódio e da intolerância. História, que nos tempos de hoje, se repete no extermínio da juventude negra, na violência contra as mulheres, nas agressões aos povos indígenas, na perseguição aos LGBTTs, nos ataques às Casas das religiões de matriz africanas.

A cruz de Cristo também nos provoca a olhar para as destruições provocadas por nós no lugar em que habitamos: a nossa Casa Comum. O lixo jogado na rua, o rio em que se despeja esgoto, o agrotóxico que contamina os alimentos e os lençóis freáticos, o não tratamento de esgoto, a utilização indiscriminada da água, a privatização dos bens da natureza... Tudo isso também fere o sonho de Deus, que é o de um mundo onde reinem o direito e a justiça.

Aprendemos, nessa Campanha, que a fragilidade de políticas públicas para o saneamento básico, compromete a justiça ambiental. Também aprendemos que a justiça ambiental exige de nós que transformemos radicalmente nosso estilo de vida. Sejamos menos consumistas e mais responsáveis com o lugar em que habitamos.

Ao longo do tempo de Quaresma, lemos e fomos orientados sobre o mosquito Aedes aegypti, a forma como ele se prolifera e sobre os males que provoca. Com o aumento das notificações do zika vírus, ficamos sabendo que uma das consequências desse vírus é a microcefalia. 

Dados do Ministério da Saúde indicam já foram notificados 6.158 casos suspeitos de microcefalia. Deste total, 745 bebês tiveram diagnóstico comprovado. Por trás desses números há histórias de vida, em especial, de mulheres, que em algumas situações, são abandonadas por seus maridos. 

Outros dados do Ministério da Saúde mostram que, nesses primeiros três meses de 2016, o Brasil já registrou 495 mil casos prováveis de dengue e 13.676 casos prováveis de chikungunya. Estas doenças podem causar sequelas graves, como a síndrome de Guillian Barré, que provoca paralisia dos músculos.

Casa Comum, nossa responsabilidade! Direito e Justiça. Cruz e ressurreição. Como ficam essas perspectivas diante dos impactos provocados não pelo Aedes aegypti, mas sim, por nosso pouco cuidado com a Casa Comum? 

A falta de saneamento básico, a caixa d’água que não é devidamente limpa, o pneu abandonado, a política de saneamento não executada refletem nosso desleixo com a Criação. Isso tem consequências para a vida do planeta e das pessoas.

Na Campanha da Fraternidade Ecumênica falamos que o saneamento básico é um direito humano básico, portanto, é inegociável. Mas, também falamos que o cuidado com a Casa Comum exige que mudemos radicalmente nosso estilo de vida. Não podemos mais ser desleixados com o lugar em que habitamos. Por isso, nessa Páscoa, pedimos que observem se há criadouros de mosquito no lugar onde celebramos, convivemos e oramos. Vamos prestar atenção nos caminhos que fizemos até a Igreja, até a casa de nossos amigos e amigas. Não esqueçamos que os impactos provocados pela falta de cuidado da Casa Comum causam dor e sofrimento para muitas pessoas.

A cruz de Jesus Cristo nos coloca frente a frente com nossas imperfeições, injustiças, abuso de poder. A ressurreição mostra que é possível a transformação. A mensagem da ressurreição é de que novas realidades são possíveis, mas, para isso, precisamos nos reconhecer livres para agir em favor do cuidado com a Casa Comum.

A epidemia de dengue, zika, chikungunya e a insuficiência de serviços de saneamento básico nos indicam que precisamos ser bem mais responsáveis com a nossa Casa Comum. A Campanha se encerra com a Quaresma, mas o tema da CFE, “Casa Comum, nossa responsabilidade”, precisa ser assumido ao longo de todo o ano. Vamos, portanto, nos mobilizar por políticas públicas de saneamento básico e eliminação de focos do mosquito Aedes aegypti.

Que o direito e a justiça brotem. Sejamos partícipes da construção de um mundo sustentável! 

Feliz Páscoa!

Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil
Dom Flávio Irala – Presidente
P. Sinodal Inácio Lemke – Primeiro vice-presidente
Pe. Joanilson Pires – Segundo vice-presidente
Dom Teodoro Mendes Tavares – Tesoureiro
Reverendo Daniel do Amaral – Secretário
Pa. Romi Márcia Bencke – Secretária-Geral

www.conic.org.br


domingo, 13 de março de 2016

Nota do Primaz da IEAB sobre o momento político


Considerando o ambiente político nacional e o clima de mobilizações políticas destes últimos dias, desejo dirigir uma palavra pastoral a todas as pessoas cidadãs de nosso país, prevenindo consequências cuja medida ainda não é possível avaliar.
Desejo transmitir uma mensagem de esperança e confiança em nosso Deus para que o diálogo respeitoso permaneça e as manifestações políticas aconteçam com o respeito às leis e ao Estado democrático de Direito.
A exacerbação de ânimos não pode extrapolar os limites das liberdades constitucionais, conquistados pelo povo brasileiro e que não devem sofrer qualquer recuo. Estão em jogo dois projetos de sociedade: um que prega a continuidade dos avanços dos direitos sociais da maioria do povo brasileiro e outro que se constrói sobre pressuposto conservador, autoritário e que serve apenas às elites e seus interesses.
Diante disso, as Igrejas do Brasil conclamam o povo brasileiro a respeitar a legalidade republicana e
democrática, construída a duras penas e banhada pelo sangue de homens e mulheres que deram a sua vida a serviço das causas libertárias de uma sociedade justa, inclusiva e pacífica.
As investigações de corrupção cometidas por agentes do Estado em todos os poderes em conluio com
segmentos empresariais são um atentado contra o povo e devem ser enfrentados com a lei é somente dentro dela. São legítimas somente quando existam provas concretas e quando garantem o direito à ampla defesa.
Interesses corporativos de órgãos da grande mídia não podem e não devem ser ideologicamente seletivos e nem condenar a priori ninguém por causa de seu perfil ideológico. A tentativa de desqualificar pessoas como a do ex-presidente Lula, sem provas concretas, bem como a outras pessoas com perfil político mais à esquerda, é uma nítida estratégia corporativa que não ajuda no processo de esclarecimento da verdade. Apenas acentua o caráter político e agrava a tensão no meio da sociedade.
Este é um processo global e latino-americano que tem realizado mudanças políticas conservadoras, em prejuízo da ampla maioria do povo e tem provocado desastroso retrocesso político que nossa consciência evangélica não deve tolerar.
Mas há algo que não deve ser esquecido: jamais deixemos que o ódio prevaleça na militância política e em meio às tensões que vivemos nestes tempos em nossa sociedade. O ódio será sempre um mau conselheiro. Firmeza de convicções não pode ser instrumentalizada pela eliminação simbólica de nossos opositores.
Portanto, dirijo uma palavra ao nosso povo anglicano, recomendando que se observe o seguinte:
1. Que se respeite o estado democrático de direito e se evite qualquer manobra de desconstrução do resultado das urnas;
2. Que se rechace qualquer tentativa de retorno ao autoritarismo e a qualquer modelo que represente cerceamento dos direitos individuais e coletivos conquistados;
3. Que se respeite a livre manifestação do pensamento dentro de padrões que não contemplem o ódio e a violência contra pessoas e grupos;
Que Deus nos abençoe e que sejamos capazes de defender com firmeza um projeto de sociedade que traga consigo os valores da justiça e da paz! Um projeto que beneficie toda a sociedade. Que haja mais amor e menos ódio!

Santa Maria, 12 de março de 2016.

Do vosso Primaz,

++ FRANCISCO

sexta-feira, 11 de março de 2016

Conic se solidariza com a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil


Ao Conselho Coordenador da Igreja Presbiteriana Unida do Brasil (IPU)

Queridos irmãos,

Nós, Conselho Nacional de Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC), expressamos a vocês nossa solidariedade e apoio pelo testemunho público corajoso expressado no pronunciamento Sobre o momento político do Brasil e as ações da operação Lava Jato”, de 08 de março de 2016.

Temos ciência das intolerâncias sofridas pela Igreja nas redes socais em função de sua coragem em manifestar o testemunho público em favor da democracia. Expressamos nosso apoio, concordância e solidariedade quando conclamam que as investigações da Operação Lava Jato sejam simétricas, sem privilegiar ou discriminar quaisquer partidos políticos, buscando-se o alcance da justiça sob os auspícios do estado de Direito, da lei e da serenidade.

O momento de tensão pelo qual estamos passando exige que as igrejas e religiões expressem seu testemunho em favor do diálogo e de espaços seguros onde todas as pessoas possam manifestar suas ideias e opiniões sem constrangimentos.

No período histórico mais difícil vivido pelo país, a IPU foi uma das igrejas que corajosamente levantou sua voz e denunciou práticas de tortura. Seu testemunho profético atual é coerente com sua história e com a missão do próprio movimento ecumênico. O Evangelho dá às Igrejas o mandato de fazer discípulos e discípulas em todas as nações (Mt 28.19). O discipulado exige que sejamos porta-vozes do diálogo, do respeito e da acolhida. Essa é a postura que a IPU, ao longo de seus 38 anos, tem apresentado de maneira coerente.

Por isso, o CONIC coloca-se ao lado da IPU. Queremos um país democrático, em que a cultura da paz e do diálogo sejam valores inegociáveis. As práticas de ódio e de intolerância são contrárias ao Evangelho.  

“Bem aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5.9).

Brasília, 11/03/2016.

CONSELHO NACIONAL DE IGREJAS CRISTÃS DO BRASIL - CONIC

IEAB na manifestação das mulheres




A violência contra as mulheres, as atitudes que reduzem a mulher à condição de coisa descartável e a objeto de compra e venda e todas as demais situações opressivas que afetam a condição feminina,foram alguns dos temas da Marcha das Mulheres, realizada no final da tarde do dia 8 de março, em São Paulo. Organizada para marcar o Dia Internacional das Mulheres, a Marcha teve cerca de 15 mil participantes e percorreu um longo trecho entre o Museu de Arte de São Paulo (MASP) e a Praça da República. As palavras de ordem na manifestação uniram as reivindicações específicas da questão de gênero e o apoio ao ex-presidente Lula e à presidenta Dilma.
A Igreja Episcopal Anglicana do Brasil (IEAB) participou da Marcha, por meio de sua Comissão de Diaconia e Incidência Pública e da professora Elis Regina Azevedo que acompanhou todo o processo do início ao fim, esteve também participando a ministra-leiga Eliane Albuquerque, da Paróquia da Santa Cruz. De acordo com Elis, a Marcha "significou a afirmação das lutas pelos direitos das mulheres e a demonstração de revolta e de indignação diante dos últimos episódios contra o ex-presidente Lula e com as ameaças de impeachment que vêm ameaçando a democracia brasileira".
https://www.facebook.com/IEAB.DASP/?fref=ts

sexta-feira, 21 de novembro de 2014


Com quem a Igreja caminha


“Todas as vezes que fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, 
foi a mim que o fizeram” (Mt 25:40)

Existe uma pequena e peculiar igreja anglicana na cidade de Okaya, região central do Japão. Sua aparência externa com a cruz no topo lembra que estrangeiros ocidentais estiveram lá, mas o piso de tatame no seu interior sugere que sua construção foi pensada para atender e acolher a população local.
St. Barnabas Church é fruto da evangelização da Igreja Anglicana do Canadá nos anos 1920 e do trabalho missionário do Rev. Hollis Corey na região que hoje faz parte da Diocese Anglicana de Chubu (Central) do Japão. Nos planos de construção da pequena igreja, a Missão Canadense orientou que esta fosse erguida numa cidade das famosas áreas de termas naturais, que já estavam, literalmente, “efervescentes”. Mas Corey queria uma igreja num local que pudesse servir às pessoas mais sofridas.
A cidade de Okaya, na época, era produtora de seda. A maior parte da população era de meninas pobres de 14 a 18 anos, que vinham do outro lado da montanha para a cidade, e trabalhavam na fabricação da seda. Para se ter uma ideia da situação em que viviam, na biblioteca da cidade há um documento intitulado “História da Opressão das Mulheres Operárias de Okaya”, que é resultado de uma pesquisa do Partido Comunista sobre as condições de trabalho extremamente penosas das meninas.
Exatamente por isso é que Corey decidiu que a igreja tinha que ser construída ali. A Missão Canadense foi contra: aquela população de meninas não ficava na cidade permanentemente, mas em função da temporada de trabalho na fábrica; mesmo que se tornassem frequentadoras, as meninas eram pobres e não poderiam sustentar a igreja. No entanto, Corey estava convicto: “Na questão financeira, Deus há de nos prover.”
Contrariando a orientação da Missão, a igreja está lá, como um “milagre”. O piso de tatame, tal como o das residências típicas japonesas, foi um pedido das meninas operárias, que, em geral, trabalhavam 16 horas por dia, com cerca de somente 40 minutos de descanso, sentadas em cadeiras duras de madeira sem almofadas. Então elas queriam que, na igreja, pudessem se sentir como se tivessem voltado para suas casas. E a igreja era literalmente a casa das meninas. (A origem da palavra “igreja” é do grego “oikos” e seu sentido original era exatamente “casa”.)
St. Barnabas serviu para curar, confortar, encorajar as meninas e restituir­lhes a dignidade e autoestima. Em 2008, quando a igreja celebrou seus 80 anos, uma senhora de 96 anos, que tinha sido uma menina operária da seda, comentou sobre seu significado: “Eu chegava correndo na igreja, na mão levando apenas aquele meu pouco dinheirinho como oferta, mas o reverendo alto de olhos azuis, aguardando ao pé da escada, me abraçava e dizia: “Que bom que você veio!”. Eu quase não entendia nada de seu sermão, mas com o abraço caloroso do reverendo, eu vertia lágrimas. A igreja com certeza era o paraíso.”

No entender do Rev. Nishihara, atual responsável pela igreja, “a Bíblia, para as meninas operárias, não era uma obra escrita há 2 mil anos, mas sim um alimento para a vida presente e futura. Talvez mais do que os melhores teólogos e os famosos pastores, elas é que extraíam o verdadeiro significado do Evangelho.”
Segundo Nishihara, o papel das pessoas, como ele, ligadas a instituições de ensino da Igreja Anglicana do Japão deve ser não só trazer à luz histórias de famosos pastores e teólogos, de grandes igrejas, escolas e obras, mas também deve ser de jogar luz sobre cada história em que a Igreja enxugou lágrimas de comunidades, ainda que pequenas. “Penso que o importante é dar um lugar de destaque a este “milagre” dentro da história da Missão Anglicana e da Igreja Anglicana no Japão.” E continua: “O que aprendemos com histórias como esta é que a Igreja olha e cuida dos pequenos. Ela tem andado com as pessoas mais fracas e aquelas que estão sujeitas a viver com dores e peso em suas costas. Penso que nossa missão, como escola da Igreja, é promover uma educação que dá total importância para o olhar para os pequenos da sociedade.”

Baseado no artigo de Renta Nishihara, Reverendo da Diocese de Chubu (Central), responsável pela Igreja de São Barnabé em Okaya, Província de Nagano, e vice­reitor da Universidade Rikkyo (Anglicana),Tóquio: 聖公会が大切にしてきたもの “Pessoas que a Igreja Anglicana tem tratado com carinho”

(Tradução da Revda. Carmen Akemi Kawano, a pedido do Sr. Itsuro Yazaki)


Mensagem do último domingo de Pentecostes



O amor e a vida eterna

Último Domingo de Pentecostes • Ano A • Próprio 29 • 23/11/14 
Ez 34.11-17; Sl 95.1-7; 1 Cor 15.20-28; Mt 25.31-46


Jesus ensinou que o Reino de Deus não é um reino de poder, mas de serviço. Ele disse: “O filho do Homem não veio para ser servido. Ele veio para servir” (Mt 20.28). Esse é o critério do juízo derradeiro. Assim, podemos dizer que entrar no reino, na vida definitiva, na vida eterna, supõe que o discípulo tenha seguido os passos do mestre a serviço de todos e em especial dos mais necessitados.
Diz o texto do Evangelho deste domingo que

"Quando o Filho do Homem vier na sua glória, acompanhado de todos os anjos, então se assentará em seu trono glorioso. Todos os povos da terra serão reunidos diante dele, e ele separará uns dos outros, assim como o pastor separa as ovelhas dos cabritos. E colocará as ovelhas à sua direita, e os cabritos à sua esquerda. Então o Rei dirá aos que estiverem à sua direita: ‘Venham vocês, que são abençoados por meu Pai. Recebam como herança o Reino que meu Pai lhes preparou desde a criação do mundo. Pois eu estava com fome, e vocês me deram de comer; eu estava com sede, e me deram de beber; eu era estrangeiro, e me receberam em sua casa; eu estava sem roupa, e me vestiram; eu estava doente, e cuidaram de mim; eu estava na prisão, e vocês foram me visitar’. Então os justos lhe perguntarão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome e te demos de comer, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos como estrangeiro e te recebemos em casa, e sem roupa e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso, e fomos te visitar?’ Então o Rei lhes responderá: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês fizeram isso a um dos menores de meus irmãos, foi a mim que o fizeram.’ Depois o Rei dirá aos que estiverem à sua esquerda: ‘Afastem-se de mim, malditos. Vão para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque eu estava com fome, e vocês não me deram de comer; eu estava com sede, e não me deram de beber; eu era estrangeiro, e vocês não me receberam em casa; eu estava sem roupa, e não me vestiram; eu estava doente e na prisão, e vocês não me foram visitar’. 44 Também estes responderão: ‘Senhor, quando foi que te vimos com fome, ou com sede, como estrangeiro, ou sem roupa, doente ou preso, e não te servimos?’ Então o Rei responderá a esses: ‘Eu garanto a vocês: todas as vezes que vocês não fizeram isso a um desses pequeninos, foi a mim que não o fizeram’. Portanto, estes irão para o castigo eterno, enquanto os justos irão para a vida eterna.”

Esta é a única cena dos Evangelhos que mostra qual será o conteúdo do juízo final. E Jesus está nos dizendo que “o critério para obter o reino definitivo, que equivale à vida eterna, é constituído pela atitude de ajuda às pessoas e de solidariedade com os que precisam de ajuda. É a mesma coisa que expressara para o jovem rico por ocasião de sua pergunta (Mt 19.16-19)” [Juan Mateos & Fernando Camacho].
Nossas vidas são vocacionadas para a vida eterna. E vida eterna não é só vida futura, depois da nossa morte. Ela é eterna porque vale para todos os tempos, também o presente. As exigências do Reino levam hoje a viver nossas vidas plenamente e a levar plenitude de vida a todos: dar de comer, de beber etc. Esses gestos devem expressar a graça que Deus nos fez de sua própria vida. Como nos diz Gustavo Guttièrrez: “No serviço ao pobre servimos o Cristo de nossa fé, na solidariedade com os mais necessitados reconhecemos a humilde realeza do Filho do Homem.Não há outra forma de receber o Reino como herança, o face a face definitivo com o Senhor”. Dom Sumio Takatsu, em seu comentário a essa porção do evangelho, disse: “É interessante observar que o Filho do Homem em sua majestade está oculto nos pequeninos, nos humilhados e necessitados (v. 40, 45)”.
Quando somos solidários e nos compadecemos com o sofrimento do outro, ali vemos o rosto do Cristo crucificado e nos aproximamos da plenitude da vida. Ali já está presente a vida eterna e o juízo final. Que O Senhor nos abençoe e nos fortaleça na caminhada do Reino de amor e justiça!

Jantar de final de ano da DASP